É claro que para nós, brasileiros, antes de qualquer outra pergunta, existe uma sobre o iPhone que é primordial: ele vai funcionar por estas bandas? O iPhone é vendido pela Apple em parceria com a operadora americana AT&T e só funciona com ela, mesmo nos EUA - o que já é uma limitação bem chata para o público de lá. Para nós, que sequer dispomos dos serviços da AT&T, as chances dele funcionar, nem que seja apenas como iPod, são remotas.
O único meio oficial de usar o iPhone por aqui é pelo serviço de roaming da AT&T. Quem comprar o aparelho e habilitar o roaming internacional poderá fazer suas ligações à vontade em qualquer lugar do mundo, posto que ele é quad band. O problema são os preços: US$ 2,29 por minuto, US$ 0,50 por mensagem de texto enviada, US$ 1,30 por mensagem de vídeo ou com imagens enviada e absurdos US$ 0,20 por kb de dados transferidos (dados retirados do site da AT&T, www.wireless.att.com e válidos tanto para ligações locais quanto internacionais).
Tudo isso pagando o plano da operadora também (mínimo de US$ 60). Ou seja: é algo só para quem usa pouquíssimo o celular ou que tem muito dinheiro para gastar. Além disso, a AT&T também alerta que, no Brasil, as ligações feitas em roaming internacional para outros países (exceto os EUA) podem simplesmente não funcionar.
Mas será que existe como contornar essa situação? Talvez: o cartão SIM (que faz o celular reconhecer a rede da operadora) do iPhone é removível. A entrada dele fica entre a saída dos fones e o botão de desligar, na parte superior do aparelho, e pode ser aberta com um clipe de papel. Isso já é um belo avanço: com acesso à entrada, pode-se remover o chip inútil da AT&T e colocar o de uma operadora local no lugar. Se o cartão SIM estivesse preso dentro do hardware do iPhone, aí sim, poderíamos começar a bater as cabeças nas paredes.
Mas não basta tirar o cartão da AT&T, colocar um de uma operadora nacional e sair falando. Há um segundo problema: o iPhone, como vários outros celulares no mercado, possui um bloqueio de software que impede o reconhecimento de cartões SIM que não sejam o da operadora padrão - no caso, a AT&T. Com isso, o funcionamento de chips de outras operadoras depende, basicamente, da ação de hackers que se dediquem a vasculhar o sistema atrás de uma brecha. Não será surpresa se alguma fórmula para habilitar outras operadoras no iPhone surgir alguns dias após o lançamento. O único problema é que quem aderir à técnica estará automaticamente violando a garantia do aparelho.
Mesmo se hackers habilidosos conseguirem quebrar o bloqueio do iPhone, alguns serviços inovadores que o aparelho traz não funcionarão, como o Visual VoiceMail, que depende de um serviço só disponível pela AT&T.
E quem não se importar com o acesso à rede e quiser ter o iPhone só para ouvir música e ver vídeos, por exemplo? Nada feito: segundo a Apple, é preciso ativar o aparelho para usar todas as suas facilidades, incluindo as de iPod. Faz parte dos contratos dos planos do aparelho, que variam entre US$ 60 e US$ 220/mês nos EUA. Para quebrar o contrato com a AT&T, é preciso pagar uma taxa de desligamento de US$ 175. Ou seja, pagando US$ 500 mais US$ 175 para quebrar o contrato com a AT&T, um brasileiro applemaníaco pode ter seu iPhone aqui, que poderá ou não ser hackeado para funcionar de forma precária com uma operadora local. Essa é a opção atual.
A outra é esperar um ou dois anos para a chegada oficial do aparelho por aqui. Operadoras já manifestaram interesse em trazer o aparelho, mas por enquanto, o jeito é esperar.