Muitos dos proprietários do Apple iPhone falam com uma espécie de fervor evangélico sobre o produto e as coisas de que ele é capaz; E-mail! Música! Internet! Telefonemas! Fotos!
Três estudantes de arte austríacos levaram as coisas ainda mais à frente ao alterar seus iPhones, algo que a Apple reprova fortemente - e carregar neles software de música que utilizaram para gravar canções. Os vídeos que os três subiram para o
YouTube no mês passado para demonstrar o trabalho do que designam como a primeira iBand vêm atraindo forte interesse dos caçadores de curiosidades e dos adeptos da tecnologia.
O vídeo de estréia, que chegou à rede em 17 de fevereiro e liderou por breve período o ranking do site, é bastante rudimentar, ao menos do ponto de vista musical. Em uma gravação descrita pela banda como "jam session", um iPhone executa um software de teclado, o segundo um programa de guitarra virtual, enquanto um aparelho portátil de videogame Nintendo DS cuida da percussão. O resultado se assemelha mais a um ruído vagamente musical do que a uma canção.
Mas o fascínio foi instantâneo. Os três imediatamente receberam uma avalanche de pedidos de entrevista, cópias da canção e informações sobre o software e equipamento utilizado. Reconheceram que estavam um pouco espantados com o interesse, e informaram em e-mail que estavam tentando descobrir como "lidar com a situação".
"Fizemos nosso primeiro vídeo como exemplo daquilo que se pode fazer com novos aplicativos de música que estão entrando em uso, e para apresentar nossa idéia de uma iBand", escreveu Seb, 24, um dos integrantes da banda, em resposta a perguntas enviadas por e-mail.
Ele disse que os outros dois integrantes, Marina, 26, e Roger, 25, assim como ele, preferiam não informar seus sobrenomes, para defender sua privacidade. "Somos todos estudantes de arte, em campos diferentes, e temos um interesse comum em fazer música, além de arte em outras mídias modernas", escreveu Seb.
O vídeo original havia sido assistido mais de dois milhões de vezes, no domingo, e atraído mais de 13 mil comentários. Algumas pessoas comentaram a música "vocês precisam de uma iBateria", ou "todos eles têm problemas de tempo"-, mas outros simplesmente demonstravam apreciação pela novidade ("Exclente!").
Número suficiente de visitantes se interessou tanto pela idéia que a banda teve de postar uma mensagem a respeito em seu site . "Alguns de vocês pediram uma versão MP3 da música. Infelizmente, a qualidade é baixa demais para que a lancemos. Quero dizer, a gente seriamente precisa ensaiar mais, e ainda nos falta um terceiro iPhone. Nós lançaremos um MP3 quando tivermos uma canção real".
E isso enfim aconteceu na quarta-feira, quando os estudantes, que vivem em Viena, enfim apresentaram seu segundo vídeo, mais sofisticado. Usando dois iPhones e um iPod Touch (e dispensando o Nintendo), o trio, usando luvas que deixam os dedos descobertos, executa uma canção original, Life is Greater than the Internet (baixe aqui em mp3), com vocais de Marina, em um inglês com sotaque.
"Nós levamos cerca de uma hora para gravar aquela primeira jam session, mas a segunda canção foi muito mais trabalhosa", afirmou Seb. A banda passou dois dias e duas noites sem dormir compondo, ensaiando e gravando o vídeo, e levou muito mais tempo para iluminar a cena, preparar a câmera e fazer a mixagem.
Dois outros vídeos não demoraram a surgir, ambos mostrando um iPhone tocando bateria virtual. Em um dos vídeos, a canção é interrompida propositalmente por um telefone tocando.
Imagem do primeiro vídeo da iBand
Aplicativos
"Usar um iPhone como instrumento musical não envolve criar uma canção tecnicamente perfeita", escreveu Seb. "É um método de registro muito inovador, mas poderíamos utilizar qualquer sintetizador e instrumentos convencionais; a tecnologia atual não impõe limitações. No entanto, acreditamos que são as limitações que ditam um determinado espírito. De todas as coisas que se pode fazer com um celular, o que poderia ter mais significado do que criar música?"
O objetivo do grupo seria trabalhar com outras pessoas que estejam desenvolvendo aplicativos musicais para o iPhone. A banda está oferecendo a primeira canção de Marina gratuitamente em seu site, e aceita doações de quem quiser baixá-la.
A primeira menção ao grupo surgiu no Gizmodo.com, um site de entusiastas da tecnologia, para os quais a mecânica do trabalho da iBand era especialmente interessante. Para satisfazer os entusiastas da tecnologia, a banda identificou os programas usados para hackear os iPhones e transformá-los em instrumentos musicais (entre os quais PocketGuitar, Moo-Cow-Music Pianist e Moo-Cow-Music Drummer).
Seb escreveu que "vínhamos há um bom tempo pensando em formar uma banda que usasse apenas iPhones como instrumento. O momento em que um novo aplicativo de piano apareceu parecia ser o momento certo".
Os aplicativos da Moo-Cow Music foram desenvolvidos por Mark Terry, 35, programador inglês que trabalha com a linguagem Java, e escreveu o código "simplesmente para ser criativo", ele diz.
De acordo com o site da iBand, os três estudantes de Viena continuam ativos nos ensaios da banda e nos testes de aplicativos de som escritos para uso com o iPhone. "Se você conhece, ou desenvolveu, quaisquer outros aplicativos, por favor nos informe, porque estamos muito interessados em uma colaboração", afirma o site. "O desenvolvimento de instrumentos para o primeiro portátil que permite criar música de bolso é importante para que estabeleçamos esse segmento!"
Se a música depende de criatividade, a banda deve ter de sobra, vendo que estudam arte e principalmente por terem tido uma idéia dessas. se atualmente esses aplicativos não tem uma qualidade muito boa, é bem provável que em futuro próximo, teremos grandes avanços nessa área, também devido a todo esse
buzz gerado em volta da iBand. Pode ser que daqui alguns meses não ouvimos mais falar deles, mas pelo menos, fica a idéia para novos experimentos.