Câmera digital comprada, software de edição instalado e serviço de compartilhamento online definido. Agora, só falta o usuário carregar seu equipamento por aí para clicar as cenas que achar mais interessante.
Para não topar com retratos mal focados, tremidos, com enquadramento errado ou com luz estourada no fim do passeio, o IDG Now! conversou com dois fotógrafos profissionais e separou dicas básicas essenciais para quem ainda acha que, de tão tecnológica, a máquina digital bate fotos perfeitas sozinha.
Flashes e luzes - Usado à exaustão mesmo em ambientes com iluminação nem tão precária, o flash em câmeras digitais domésticas deve ser encarado com o máximo de cuidado.
“O flash destas câmeras é muito forte no primeiro plano e muito fraco no segundo”, analisa Eder Chiodetto, jornalista e fotógrafo profissional. O resultado são fotos com iluminação estourada no rosto dos fotografados ou escura demais em cenas de longe.
Por isto, o uso do recurso merece atenção. Chiodetto acha que não usar o flash pode tornar as fotografias melhores em determinados momentos, já que o usuário exercita sua percepção de luz na hora de bater uma fotografia.
O editor de fotografia da Folha de São Paulo, Tony Pires, reitera a necessidade de o usuário aprender o que chama de “caminho da luz”. “A foto não pode ser contra a luz, assim como o ambiente não pode estar escuro demais, com sombras muito fortes”.
Enquadramento - Fotos boas dependem do que o usuário focaliza antes de bater. E, neste sentido, são dois os principais problemas dos leigos com uma câmera digital na mão: o plano americano e o enquadramento falho.
No primeiro, Chiodetto afirma que a TV é vista como inspiração para as fotografias, que focalizam o busto e cortam a barriga dos fotografados. “Na balada, no enterro ou em casa, fica todo mundo parecendo o Willian Bonner”, brinca.
Já o segundo, segundo Pires, faz com que um grande ambiente, como um ponto turístico, seja preferido na hora do retrato, deixando o turista minúsculo e irreconhecível na fotografia. “Assim, não dá para provar que é você lá ao fundo”.
A solução dos dois problemas resvala tanto na atenção na hora de enquadrar os fotografados, como na vontade do fotógrafo de arriscar ângulos, posições e percepções novas para as fotos.
Movimento - A fotografia de objetos em movimento pode ser uma boa porta para que o usuário leigo comece a entender os meandros técnicos da fotografia. Como precisa capturar uma situação muito rápida, o usuário precisa ajustar a velocidade do seu obturador pelos modos disponíveis no seu equipamento.
E é nesta necessidade prática de ajuste que o usuário começa a entender o equipamento – no caso, a necessidade de acelerar o obturador para clicar uma cena extremamente ágil.
Em uma corrida de carros, por exemplo, o usuário que fotografa acompanhando o que será fotografado com uma captura mais rápida consegue um retrato com qualidade melhor por focalizar exatamente o carro durante a ação.
Manejo - De nada adianta uma câmera poderosa se o usuário não consegue segurá-la com firmeza o suficiente para tirar fotos sem tremer. Para não ter que apelar para
tripés – um exagero, segundo os dois fotógrafos – o usuário precisa treinar a empunhadura do seu equipamento.
Vale lembrar que, por menor que a câmera seja, fotografias tiradas na vertical devem usar o braço como apoio, com a câmera encostada na palma da mão, e não segurada como se fosse espatifar no chão. O apoio do braço dá mais firmeza ao retrato. Na horizontal, a dica é segurar a câmera com as duas mãos, para ter mais segurança.
Interesse e ousadia - Por fim, por mais que truques técnicos ajudem a melhorar a resolução das suas fotografias, é o interesse do usuário em procurar novos ângulos que vai deixar as fotos melhores.
Pires e Chiodetto são unânimes quanto à necessidade do usuário ousar. “Antes de tudo, é bom que o usuário não se preocupe em colocar a cena toda em um só plano. Tirar fotos em vários ângulos e treinar formas alternativas pode ser um bom exercício”, diz o editor da Folha de São Paulo.
Chiodetto afirma que o grande objetivo de fotografar é não reproduzir o clichê e se surpreender com suas próprias fotos. “Um dos grandes baratos da digital é que você pode treinar a vontade sem gastar dinheiro. O método de ‘tentativa-e-erro’, com o equipamento, é gratuito”, lembra o fotógrafo.
No fim, o interesse, segundo Pires, é benéfico apenas ao próprio usuário, já que é a partir do seu olhar fotográfico que as fotos contarão as histórias vividas. “A fotografia não é uma pessoa na frente de um monumento, é uma maneira de contar uma história”, define.
E mesmo as maneiras mais simples de expressão, de acordo com ambos, precisa de direção. “Mesmo uma fotinho de aniversário bem feita precisa do mínimo de interesse”, diz Chiodetto .
Compartilhamento - Por incrível que pareça, a publicação de fotografias em serviços de imagens online pode ser um ótimo exercício para melhorar fotos futuras. É o que acha Chiodetto.
“Compartilhar as imagens em blogs é um forma interessante de agir”, já que a opinião alheia pode ser usada para definição do próprio gosto pessoal.
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